terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Justo Meio

          
Vem comigo e pensa: o que é pior, alguém que tem algo a dizer e fica calado ou alguém que não tem nada a dizer e só fala asneiras? Difícil responder, caro amigo, porém, é o que todos nós temos observado diariamente, desde tempos um tanto mais longínquos até precisamente neste momento. 
          É louvável que, num país como o Brasil, que alcançou relativamente há pouco tempo a liberdade de expressão, as pessoas realmente preocupem-se em opinar, analisar e discutir os mais variados assuntos. É de extrema importância que todos tenham consigo o espírito da liberdade, que, imbuído de boas intenções, faça críticas e argumentos construtivos, para que mostremos que, de fato, saímos da ditadura e fazemos parte de uma democracia verdadeira, onde ao menos falar podemos.
          No entanto para iniciar um processo de trocas de informação é imprescindível que haja uma mensagem a ser passada, senão o que seríamos nós? Seres sem conteúdo, sem caráter e questionamentos, um irrefutável nada. Trazendo mais uma vez para a vivência da que lhes escreve, creio eu ser entediante ler ou ouvir alguém expressar-se sobre algo que em nada mudará nossas vidas, não que todas as conversas, a todo momento, necessitem ser de cunho filosófico ou intelectual, contudo, é interessante que em algum momento, mesmo de descontração, leve a algo produtivo, que lhe faça chegar ao final do dia e pensar: nossa, hoje meu dia rendeu, acho que pelo menos uma coisa pude aprender com aquela conversa. Certamente este pensamento é o que todos nós queríamos ter na nossa vidinha normal, mas por conta de futilidades diárias, cada vez mais nos privam de tal satisfação. Justamente aí que podemos olhar para os reis da cocada preta, que dizem tanto e nada falam, e gentilmente aconselhá-los a procurar algo melhor para fazer. Sério, eu sou uma adolescente como qualquer outra, longe de ser nerd ou algo do tipo, mas galera, estudar faz toda a diferença, completa lacunas, sabe? 
          Em contrapartida aos informantes banais, há os prisioneiros da língua, que podem ver o mundo caindo ao seu lado, ou pior, ver político honesto e nem sequer sussurrar um "não acredito". Não sei se é impressão minha, mas essas pessoas são as que mais tem coisas para nos repassar, mais assuntos a debater, até porque estes tipos ficam tanto tempo calados que, quando resolvem expressar-se de alguma forma, você tem que abrir todas as alas para a passagem, para não ser atropelado por tantas palavras. Enfim, são milhões de potenciais estupendos guardados a sete chaves por bocas trancafiadas, que insistem em dificultar a passagem dos fonemas. Lembrou agora do nerd da sua sala, que senta na frente, fica o dia todo de cabeça baixa e não dá um piu? Pois é, experimente dizer um oi para ele, e se conseguir puxar assunto, parabéns, você será infinitamente premiado com informações de todos os tipos. Só tenha paciência, no começo, pode parecer que ele não conhece pausas na fala, mas depois você acostuma e até entende o porquê de tanta pressa nos períodos. 
          Então, creio ser o justo meio o mais conveniente na maioria dos casos (aprendi filosofia, rá), o que não podemos é ficar calados para as injustiças e debates os quais nos interessam e muito menos falar levianamente sobre assuntos os quais desconhecemos, com o risco de cometer injustiças ou erros grosseiros. Fale quando lhe for solicitado ou quando realmente houver algo que precise ser dito e cale-se quando tiver a certeza de que sua fala em nada mudará o sentido de ser das coisas. Afinal, somos apenas mais um, porém juntos, somos os tais todos, capazes de mudar o mundo. 


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